sábado, 24 de janeiro de 2015

Albert Camus, no livro “A queda”



Talvez não amemos a vida o bastante. 
Já reparou que só a morte desperta nossos sentimentos? 
Como amamos os amigos que acabam de deixar-nos, não acha?! 
Como admiramos nossos mestres que já não falam mais, que estão com a boca cheia de terra…! 
A homenagem vem, então, muito naturalmente, essa mesma homenagem que talvez tivessem esperado de nós a vida inteira. Mas sabe por que somos sempre mais justos e mais generosos para com os mortos? 
A razão é simples. 
Em relação a eles, já não há obrigações. 
Deixam-nos livres, podemos dispor de nosso tempo, encaixar a homenagem entre o coquetel e uma doce amante: em resumo, nas horas vagas. 
Se nos impusessem algo, seria a memória, e nós temos a memória curta.
 Não, não é o morto recente que nós amamos em nossos amigos, o morto doloroso, nossa emoção, enfim, nós mesmos.

1 comentários:

chica disse...

Lindas a músicae reflexão proposta! bjs praianos,chica

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